Estranhou o novo visual? A casa é alugada, mas pode ficar à vontade. Enquanto durar o Campeonato Mundial Feminino de Basquete, o Rebote fica neste endereço, com textos escritos direto de São Paulo. A caixa de comentários ainda é toda sua.

quarta-feira, setembro 27

Sue e eu



O veneno escorre na caixa de comentários, parece até goteira do Ibirapuera. A princípio, até achei que esse tipo de boato deveria ser alimentado, mas resisti à tentação de criar um nome falso de torcedor para descrever cenas tórridas (e fictícias) nas arquibancadas. Cá estou eu, portanto, para esclarecer aos paparazzi de plantão:

Eu e Sue Bird somos apenas bons amigos.

A expressão "troca de roupas de baixo", usada de forma leviana pelo senhor Melchiades Filho, não se justifica. Foi apenas uma blusinha de treino. Ainda com perfume, mas apenas uma blusinha de treino. De todo modo, o souvenir não está no mercado, prezado Luis Varejão.

Diante de tamanha boataria, ficamos combinados assim:

É tudo mentira. Mas podem espalhar.

domingo, setembro 24

A nata do basquete feminino

Atendendo a pedidos, vamos às três seleções do Mundial feminino de basquete, assim como a melhor jogadora e a grande revelação. Eu já tinha até feito um rascunho, mas mudei várias coisas depois da analisar com mais calma. Aí vai. Discorde à vontade na caixinha de comentários.


PRIMEIRA SELEÇÃO:

- Maria Stepanova (RUS) - Regularidade impressionante.
- Lauren Jackson (AUS) - Melhor jogadora do planeta.
- Amaya Valdemoro (ESP) - Além de craque, tem estilo.
- Penny Taylor (AUS) - Praticamente imarcável.
- Hana Machova (TCH) - Atleta mais versátil do Mundial.

Técnica: Jan Stirling - (AUS) - Tem as campeãs na palma da mão.


SEGUNDA SELEÇÃO:

- Alessandra (BRA) - Uma leoa no garrafão.
- Candace Parker (EUA) - Só faltou a enterrada.
- Iziane (BRA) - A coroa de Janeth está bem entregue.
- Diana Taurasi (EUA) - A mira mais fatal da atualidade.
- Ilona Korstin (RUS) - Mortal nos chutes e na armação.

Técnico: Eduardo Pinto (ARG) - Sai da frente, as hermanas vêm aí.


TERCEIRA SELEÇÃO:

- Gisela Vega (ARG) - Maior reboteira do torneio.
- Eva Viteckova (TCH) - Eficiente dentro e fora do garrafão.
- Tina Thompson (EUA) - Pontuadora automática.
- Janeth (BRA) - Guerreira, esqueceu o tornozelo machucado.
- Sue Bird (EUA) - Faz a leitura do jogo como poucas.

Técnico: Igor Grudin (RUS) - Esquema enxuto para ir à final.


MVP: Lauren Jackson (AUS) - Penny Taylor que me desculpe, mas Lauren mostrou durante o campeonato que é a melhor jogadora de basquete em atividade. Deu show do início ao fim e, na única atuação ruim (contra o Brasil), conseguiu se recuperar no último quarto.

REVELAÇÃO: Candace Parker (EUA) - A menina de 20 anos tem tudo para dominar os garrafões do mundo daqui a pouco tempo. É atlética, tem bom senso de colocação e funciona bem no ataque e na defesa.

Australianas no topo do mundo


Parabéns a Jackson, Taylor & Cia. Essas moças jogaram demais.

Lições para o Brasil


Então é isso, amigos, foi-se o Mundial. A Austrália é a campeã invicta, as americanas ficaram pelo caminho e o Brasil garantiu o quarto lugar. A vantagem do mando de quadra e a qualidade técnica das meninas nos permitem subir o nível de exigência. A colocação poderia ter sido melhor, mas as falhas da semifinal custaram muito caro. Na disputa do bronze, a equipe jogou mal e os EUA chegaram atropelando. O resultado foi a sova de 40 pontos.

No geral, vale a bandeira fincada entre as quatro melhores seleções do mundo. As jogadoras fizeram o possível. Passos maiores, contudo, só serão dados quando mudar a mentalidade do nosso basquete.

O técnico Antonio Carlos Barbosa deixa a competição com saldo amplamente negativo. De bom, a condução do time na brilhante vitória sobre a República Tcheca. Ali, o treinador foi preciso. De resto, falhou demais, dentro e fora da quadra. Vamos ao jogo de sete erros:

1) Barbosa entrou no campeonato como candidato a deputado estadual. Essa informação nem precisa de comentários, né?

2) Deixou a defesa virar um queijo suíço nos jogos da primeira fase e, questionado pela imprensa, saiu-se com a declaração do ano: "Todo mundo fala que defesa ganha o jogo, mas eu não acho. Ganha quem faz ponto. Defesa é coisa de americano".

3) De forma velada, culpou as jogadoras pelos tropeços.

4) Não mandou ninguém a Barueri para ver possíveis adversários. Segundo os relatos, mal viu os jogos no próprio Ibirapuera. Apostou apenas nos vídeos para destrinchar os rivais.

5) Na véspera da semifinal, contra a Austrália, não sabia o dia do jogo. Anunciou para sexta, na verdade era na quinta. Isto é simplesmente inacreditável.

6) Demorou muito para pedir tempo no início do quarto período contra a Austrália. Ficou vendo a virada de Lauren Jackson & Cia.

7) Reagiu às críticas de forma agressiva, arrogante e debochada. Chegou a desafiar os comentaristas para um debate sobre tática, convocando-os a mostrar os currículos.

Que tristeza...

Parque de diversões



As duas semanas de cobertura do Mundial feminino, claro, foram uma baita experiência. Nem deu para reclamar das 13 horas de trabalho diário, subindo e descendo as escadarias de Barueri e do Ibirapuera.

Valeu a oportunidade de ver, ali no quintal, as melhores jogadoras do planeta desfilando talento nas nossas quadras.

Valeu a simpatia das jogadoras brasileiras, que mostraram caráter do início ao fim e pareciam conscientes da importância de tratar bem a garotada que foi ao ginásio ver os jogos.

Valeram os papos com Lauren Jackson, Amaya Valdemoro, Sue Bird, Diana Taurasi, Katie Smith, Audrey Sauret-Gillespie, Anne Donovan, Kevin Cook, Igor Grudin, Alain Jardel etc.

Além da turma do SporTV, 100% gente boa, pude conhecer pessoalmente jornalistas que eu já admirava, como o grande Melk, o Giancarlo Giampietro e o Marcelo Russio. Na imprensa estrangeira, foi legal trocar idéias com a francesa Stephanie Magouet, a americana Lee Michaelson, entre outras figuras que passeavam pela quadra.

Depois de emendar os Mundiais masculino e feminino, a saudade vai ser grande a partir de agora. O Rebote volta ao formato original nos próximos dias. Muito obrigado a vocês, que mantiveram a caixinha de comentários pulsando. Abraços a todos.

sexta-feira, setembro 22

Começou bem, terminou mal


A festa foi bonita na arquibancada, mas terminou em tristeza.

O Brasil teve ótima atuação durante três períodos e sofreu aquela velha pane assim que o último quarto começou. Sob comando da até então apagada Lauren Jackson, a Austrália tirou nove pontos em poucos minutos. Barbosa errou ao não pedir tempo para interromper a reação e ao insistir com Cíntia, que atravessava mau momento.

Pouco depois do jogo, aliás, ouvi a gravação do repórter da rádio Globo que havia entrevistado o nosso comandante na véspera. Diante de uma pergunta sobre a semifinal desta quinta-feira, Barbosa afirmou que a partida seria disputada na sexta. A insistência do repórter deixou o treinador na dúvida, criando uma cena patética.

Agora, me digam: dá para admitir um técnico que não sabe o dia do jogo em plena semifinal de um Mundial de basquete???

Nada de arrogância


Bastou soar a sirene de EUA x Rússia para pipocarem os comentários sobre a arrogância das americanas. Meus caros, este é apenas mais um daqueles clichês surrados do esporte, assim como a catimba dos argentinos e a inocência do futebol africano.

Tenho acompanhado a seleção dos Estados Unidos desde o primeiro dia, lá em Barueri, e posso afirmar com todas as letras: as meninas não têm um pingo de soberba em relação à torcida, aos jornalistas ou às adversárias.

Apontar este motivo para a derrota na semifinal é uma acusação injusta com as americanas e com as russas. O resultado foi fruto único e exclusivo do que aconteceu dentro da quadra: a equipe européia teve uma atuação espetacular e sufocou as atuais campeãs nos três primeiros quartos. Por causa do favoritismo, qualquer derrota dos EUA é sempre vista como efeito da arrogância. Pura balela.

Perderam porque a Rússia jogou mais. Simples assim.

quinta-feira, setembro 21

De encher os olhos


Foi o primeiro jogo do Brasil que eu vi ao vivo neste Mundial. Acho que cheguei na hora certa. A seleção teve uma performance espetacular contra a República Tcheca. Botou a campeã européia na roda e não deixou as "Ovas" jogarem. Machova, Viteckova, Mokrosova, vão todas disputar do quinto ao oitavo lugar.

A atuação brasileira foi extremamente animadora. As atletas estão de parabéns, guerreiras que são, mas cabem também elogios ao Barbosa e à comissão técnica. Quando é para criticar, a gente critica, mas é preciso reconhecer o bom trabalho feito nesta quarta. A fome defensiva das meninas me deixou de queixo caído.

Tomara que continue assim. Se o Brasil emplacar outro show desses na semifinal contra a Austrália, dá para ganhar de Lauren Jackson & Cia.

Como marcar a musa? Prefiro marcar as armadoras e evitar que a bola chegue redondinha até a craque do time. Mas falar é fácil, né.

Importa que a nossa equipe já voltou ao seu lugar de direito: o rol das quatro melhores seleções do planeta.

quarta-feira, setembro 20

Em pleno Mundial...

Enquanto jogavam Rússia e Espanha, chovia um bocado em São Paulo. Em dois pontos da quadra, várias goteiras forçaram a interrupção do jogo a todo momento. Jogadoras escorregando na quadra, batendo a cabeça no chão... uma vergonha.

Em quadra, a Rússia contou mais uma vez com Korstin e Stepanova para avançar às semifinais. A Espanhola Valdemoro, um dos grandes destaques do Mundial, chorou muito ao fim do jogo, mas nos deu uma lição de humildade. Subiu à cabine do SporTV, participou rapidamente da mesa-redonda e ganhou mais um punhado de admiradores.

Em SP com as americanas



A fase paulistana da minha passagem pelo Mundial começou bem. Cheguei na hora do almoço e fui direto ao Ibirapuera. Na quadra, a França treinava. Na seqüência, foram as americanas. E o melhor veio depois: eu e Roby Porto gravamos, para o SporTV, uma entrevista de quase meia hora com Diana Taurasi, Sue Bird e Anne Donovan.

Provavelmente vai ao ar nesta quarta-feira, só não sei o horário.

Simpáticas do início ao fim, sorrindo o tempo todo, as três falaram sobre conceitos defensivos (do Barbosa, inclusive), as atuações no toenrio, as enterradas da Candace Parker, o talento da Hortência etc.

Nem preciso dizer que, para mim, foi o melhor momento da cobertura até agora. Tomara que, até sábado, pintem outras oportunidades de bater papos mais profundos como este, sem a pressa do dia-a-dia.

terça-feira, setembro 19

Vocês só pensam naquilo

Amigos, cá estou no Ibirapuera, numa sala de imprensa bem maior que a de Barueri. Enquanto eu reflito sobre os rumos do basquetebol feminino, vocês só pensam em musas, né. Tudo bem, vamos a elas.

Para começo de conversa, vou remar contra a maré e dizer que Lauren Jackson não está com essa bola toda. Minhas candidatas são Michaela Pavlickova (República Tcheca), as russas Marina Karpunina, Ilona Korstin e Svetlana Abrosimova, Sandra LeDréan (França), e claro, a simpática americana Sue Bird.

Todas essas são de Barueri, e nenhuma chega a ser um modelo perfeito de beleza. Mas vale o conjunto.

Eleger a Lauren Jackson é fácil. O divertido é caçar novos talentos.

De mudança

Enquanto eu subia as arquibancadas de Barueri e as americanas assistiam a França x China, olhei para Sue Bird e ela me deu um tchauzinho. Sendo assim, está cumprida minha missão no ginásio José Corrêa. A partir de terça, passo a bater ponto no Ibirapuera.

Espero que esteja frio na capital. O calor dos primeiros dias foi traumático. Daqui a pouco nos falamos.

Machova vem aí...


Borracha, assistente de Barbosa, estava editando as partidas da França, no hotel em São Paulo, e se mandou para Barueri assim que as Bleus entregaram o ouro para a China e deixaram de ser nossas adversárias nas quartas-de-final. Chegou com o jogo entre Estados Unidos e República Tcheca em andamento, mas pelo menos apareceu, anotou, prestou atenção, fez o dever de casa. É por aí mesmo, vale o esforço.

Como a comissão técnica não viu nenhum outro jogo das tchecas in loco, espero que os DVDs sirvam para dar ao menos uma luz sobre o estilo das campeãs européias.

No texto de ontem, eu escrevi que esta era justamente a equipe mais temível. A partida de segunda-feira só confirmou minha tese. As fantásticas americanas fizeram apenas 63 pontos e precisaram suar um bocado para controlar o jogo.

Olho em Hana Machova, armadora estupenda. Contra os EUA, ela jogou menos de 20 minutos. Fez quatro pontos, mas compensou com nove rebotes, quatro assistências e três roubadas. Eva Viteckova também vai nos dar muito trabalho, com um estilo versátil e difícil de ser marcado, à la Lauren Jackson. A baixinha reserva Mokrosova é outra que merece atenção. Corre e se movimenta feito louca.

Para vencer, o Brasil terá de jogar no máximo de sua força. E a torcida precisa ir ao Ibirapuera. Portanto, você que mora em São Paulo, faça a sua parte na quarta-feira, às 15h15.

domingo, setembro 17

Assim, não adianta nada


Barbosa "viu" o jogo entre Estados Unidos e França


Após seis dias de inacreditável ausência da comissão técnica brasileira em Barueri, eis que Antonio Carlos Barbosa apareceu aqui no ginásio José Corrêa. Foi assistir ao jogo entre Estados Unidos e França, neste domingo. Boa notícia, não? Pois é, de início eu também achei.

O problema é que o nosso treinador mal olhou para a quadra no primeiro tempo. Deu entrevistas e engatou uma longa conversa com repórteres, bem abaixo da nossa cabine. Tirou fotos com torcedores e só sentou na arquibancada para ver o jogo quando faltavam quatro minutos para acabar o segundo período.

Pior: não levou prancheta, não anotou nada, ficou só olhando. Do outro lado do ginásio, dois integrantes da comissão técnica da Austrália, que havia batido o Brasil mais cedo, faziam anotações o tempo inteiro.

Logo após termos citado o fato na transmissão, a CBB explicou que Norbeto Borracha estava no hotel, gravando o jogo. A informação não atenua o descaso. Vendo a partida na TV, você é obrigado a acompanhar a câmera. Para o torcedor, é ótimo. Para quem precisa se ater aos detalhes táticos, a presença no ginásio é incomparável.

Por isso, a seleção americana mandou representantes para São Paulo. A melhor seleção do planeta podia ficar no hotel, vendo pela telinha, mas leva a sério a importância de estudar os adversários.

Talvez por isso os EUA tenham anulado a russa Korstin, a cubana Boulet e o ataque balanceado da França. As européias, que vinham jogando bem até então, fizeram apenas dois pontos no quarto período. Terminaram com 41, recorde negativo do campeonato.

Mas esse negócio de defesa é coisa de americano, né, Barbosa...

O que nos aguarda?



Vencendo o Canadá, o Brasil deve pegar República Tcheca, Rússia ou França nas quartas-de-final. As três são paradas duras.

França - É o "menos pior". As francesas bateram tchecas e russas, mas têm dificuldades de jogar contra equipes que atuam em velocidade. Foi assim nas derrotas para EUA e Cuba. O Brasil joga bem no contra-ataque e pode se aproveitar disso. Além do mais, resta saber como o elenco vai reagir ao vexame ofensivo diante das americanas.

Rússia - Desde o tombo no jogo contra o Dream Team ianque, a Rússia entrou numa curva descendente. Na seqüência, perdeu para francesas e tchecas, errando bolas fáceis o tempo inteiro. Apurei hoje que Maria Stepanova, melhor jogadora do time, anda muito abatida. Contra os EUA, ela foi eliminada com cinco faltas ainda no terceiro período. No sábado, nem desceu para almoçar no hotel.

República Tcheca - Entre essas três, é a seleção que eu mais temo, principalmente por causa de duas jogadoras que cobrem a quadra inteira. Eva Viteckova é uma espécie de Nowitzki do Mundial feminino: brilha dentro do garrafão e chuta de fora com precisão invejável. Hana Machova é a melhor armadora do campeonato até agora, com ótima visão de jogo, grande potencial ofensivo e disposição interminável nos rebotes e nas roubadas. É de encher os olhos.